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O Tigre Branco

"O Tigre Branco" é uma espécie de "Cidade de Deus" da Índia. Ok, talvez sem a mesma genialidade da direção do Fernando Meirelles ou até do roteiro do Bráulio Mantovani, mas é um fato que a produção da Netflix entrega uma jornada tão dinâmica e surpreendente quanto. Muito bem produzida e com um protagonista que dá uma aula de interpretação, Adarsh Gourav, o filme á uma agradável surpresa e merece muito nossa atenção!

O filme é uma adaptação de um livro de muito sucesso escrito por Aravind Adiga, e narra a trajetória de Balram (Adarsh Gourav), um jovem indiano que nasceu no meio da miséria em um vilarejo distante da capital e que foi ensinado desde pequeno que seu destino era escolher um grande marajá para servir até o fim da sua vida com muita lealdade. Trabalhando como motorista para o filho de um magnata da região, Balram começa, aos poucos, sentir na pele a desigualdade entre a sua casta e a dos afortunados, e com isso entende o ritmo que dita os rumos do capitalismo em seu país. Quando se dá conta de que é só mais uma galinha dentro de um enorme galinheiro que sabe que será abatida e nem por isso tenta fugir (uma metáfora cruel que o acompanha durante sua saga), o jovem muda seus conceitos e atitudes para buscar o topo que lhe foi sempre renegado e assim se tornar um grande empresário do país. Confira o trailer:

Como em "Cidade de Deus", a história não respeita a linha temporal convencional e é narrada por Balram a partir do seu ponto de vista, enquanto escreve um email para o primeiro-ministro chinês que estará de passagem pela Índia para reuniões com empresários locais. Além de um texto crítico, mas muito bem equilibrado com um humor ácido e inteligente, o premiado diretor americano Ramin Bahrani (de Fahrenheit 451) entrega com a mesma competência a construção de um conto de fadas moderno bem leve na primeira metade com a desconstrução de um mito carregado de drama e angústia na segunda. A fotografia de Paolo Carnera (de Suburra), além de posicionar a narrativa na linha do tempo, com as cenas no presente em cores mais frias e no passado com cores mais quentes, ele também capta maravilhosamente bem os contrastes sociais da Índia e como os personagens se relacionam de formas completamente diferentes com esse abismo - lembrou muito o trabalho do Kyung-pyo Hong em "Parasita", se não na simbologia, pelo menos na intenção!

"O Tigre Branco" tenta nos mostrar que os fins justificam os meios, desde que feito com o coração e sirva de transformação para quem será capaz de olhar para o outro com mais humanidade. Mesmo apoiado na figura do anti-herói, é fácil compreender suas motivações e entender que tudo não passa de uma reação perante um mundo cruel e inegavelmente real! Como em "Cidade Deus", o certo é relativo, mas o errado é uma certeza tão sistemática que uma história que tinha tudo para ser uma jornada de superação e resiliência se torna uma desconfortável, e nada sutil, versão da realidade! Vale muito a pena!

Assista Agora

"O Tigre Branco" é uma espécie de "Cidade de Deus" da Índia. Ok, talvez sem a mesma genialidade da direção do Fernando Meirelles ou até do roteiro do Bráulio Mantovani, mas é um fato que a produção da Netflix entrega uma jornada tão dinâmica e surpreendente quanto. Muito bem produzida e com um protagonista que dá uma aula de interpretação, Adarsh Gourav, o filme á uma agradável surpresa e merece muito nossa atenção!

O filme é uma adaptação de um livro de muito sucesso escrito por Aravind Adiga, e narra a trajetória de Balram (Adarsh Gourav), um jovem indiano que nasceu no meio da miséria em um vilarejo distante da capital e que foi ensinado desde pequeno que seu destino era escolher um grande marajá para servir até o fim da sua vida com muita lealdade. Trabalhando como motorista para o filho de um magnata da região, Balram começa, aos poucos, sentir na pele a desigualdade entre a sua casta e a dos afortunados, e com isso entende o ritmo que dita os rumos do capitalismo em seu país. Quando se dá conta de que é só mais uma galinha dentro de um enorme galinheiro que sabe que será abatida e nem por isso tenta fugir (uma metáfora cruel que o acompanha durante sua saga), o jovem muda seus conceitos e atitudes para buscar o topo que lhe foi sempre renegado e assim se tornar um grande empresário do país. Confira o trailer:

Como em "Cidade de Deus", a história não respeita a linha temporal convencional e é narrada por Balram a partir do seu ponto de vista, enquanto escreve um email para o primeiro-ministro chinês que estará de passagem pela Índia para reuniões com empresários locais. Além de um texto crítico, mas muito bem equilibrado com um humor ácido e inteligente, o premiado diretor americano Ramin Bahrani (de Fahrenheit 451) entrega com a mesma competência a construção de um conto de fadas moderno bem leve na primeira metade com a desconstrução de um mito carregado de drama e angústia na segunda. A fotografia de Paolo Carnera (de Suburra), além de posicionar a narrativa na linha do tempo, com as cenas no presente em cores mais frias e no passado com cores mais quentes, ele também capta maravilhosamente bem os contrastes sociais da Índia e como os personagens se relacionam de formas completamente diferentes com esse abismo - lembrou muito o trabalho do Kyung-pyo Hong em "Parasita", se não na simbologia, pelo menos na intenção!

"O Tigre Branco" tenta nos mostrar que os fins justificam os meios, desde que feito com o coração e sirva de transformação para quem será capaz de olhar para o outro com mais humanidade. Mesmo apoiado na figura do anti-herói, é fácil compreender suas motivações e entender que tudo não passa de uma reação perante um mundo cruel e inegavelmente real! Como em "Cidade Deus", o certo é relativo, mas o errado é uma certeza tão sistemática que uma história que tinha tudo para ser uma jornada de superação e resiliência se torna uma desconfortável, e nada sutil, versão da realidade! Vale muito a pena!

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