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Disque Jane

"Disque Jane" vai te surpreender! Primeiro por ser uma história baseada em fatos reais e segundo por ser uma jornada tão envolvente capaz de provocar, além de muitas reflexões, inúmeros questionamentos sobre o aborto. Agora é preciso dizer: é inegável o tom ativista do filme, por outro lado, o filme de estreia da até então roteirista Phyllis Nagy (indicada ao Oscar por "Carol" em 2015), consegue equilibrar muito bem uma trama pautada no processo de transformação da protagonista (na linha de "Breaking Bad"), com todo contexto politico e social da mulher na Chicago do final dos anos 60.

A vida feliz de Joy (Elizabeth Banks), junto de sua família, se desestabiliza quando a tão desejada gravidez passa a ser um risco para a sua vida. Temendo pelo pior, ela busca ajuda médica, que se recusa a ajuda-la pelas leis da época. Sua jornada para encontrar uma solução acaba a levando até o grupo chamado "Janes" (The Jane Collective), uma organização clandestina de mulheres que lhe dará uma alternativa mais segura para seu problema, em um processo que mudará sua vida para sempre. Confira o trailer (em inglês):

"Disque Jane" foi apresentado no Festival de Berlin em 2022 com potencial de levar o Urso de Ouro (que acabou ficando com o espanhol "Alcarrás" de Carla Simon) e sem dúvida que isso chancela o interesse da audiência em conhecer a história de Joy. No entanto, alguns elementos do roteiro escrito pela Hayley Schore e pelo Roshan Sethi parecem não se conectar com a proposta inicial de Nagy de apenas contar um boa história de empoderamento - existem alguns diálogos que saem um pouco do tom por justamente parecer lacrar demais. Isso não é um problema, eu diria, mas é inegável que incomoda, principalmente por deixar de lado embates muito mais interessantes sobre ética e, por consequência, conflitos morais que colocariam camadas mais profundas no amadurecimento da personagem. No final, a impressão que fica, é que fosse uma série, os roteiristas teriam um material maravilhoso para trabalhar - Kate Mara (como Lana) que o diga.

Chama atenção, sem a menor dúvida, a performance de Elizabeth Banks (fique atento ao trabalho dessa atriz, em breve ela estará no Oscar, pode apostar) - seu trabalho é muito consistente e, aqui, provavelmente o melhor de sua carreira. Banks tem a capacidade de despertar empatia mesmo quando notavelmente está cometendo um crime - reparem como ao longo do filme, em alguns momentos realmente dramáticos, ela equilibra tão bem o silêncio com o texto mais expositivo, que temos a exata noção do tamanho de sua dor (ou de suas dúvidas como mulher). Sigourney Weaver como a manda-chuva, Virginia, e Cory Michael Smith, como o jovem médico, Dean, também merecem elogios.

Mesmo que "Call Jane" (no original) passe essa sensação de pressa ou de superficialidade ao tentar fechar rapidamente todas as pontas que ficariam abertas, ainda assim considero o filme um ótimo drama, bem estruturado, bem dirigido (sem grandes destaques conceituais, é verdade) e com ótimas performances, capaz de colocar o dedo em alguns temas delicados que ainda hoje merecem o debate em todas as esferas da sociedade e que vão dialogar com grande parte da audiência feminina.

Pode dar o play sem medo que as conversas pós-créditos estão garantidas.

Assista Agora

"Disque Jane" vai te surpreender! Primeiro por ser uma história baseada em fatos reais e segundo por ser uma jornada tão envolvente capaz de provocar, além de muitas reflexões, inúmeros questionamentos sobre o aborto. Agora é preciso dizer: é inegável o tom ativista do filme, por outro lado, o filme de estreia da até então roteirista Phyllis Nagy (indicada ao Oscar por "Carol" em 2015), consegue equilibrar muito bem uma trama pautada no processo de transformação da protagonista (na linha de "Breaking Bad"), com todo contexto politico e social da mulher na Chicago do final dos anos 60.

A vida feliz de Joy (Elizabeth Banks), junto de sua família, se desestabiliza quando a tão desejada gravidez passa a ser um risco para a sua vida. Temendo pelo pior, ela busca ajuda médica, que se recusa a ajuda-la pelas leis da época. Sua jornada para encontrar uma solução acaba a levando até o grupo chamado "Janes" (The Jane Collective), uma organização clandestina de mulheres que lhe dará uma alternativa mais segura para seu problema, em um processo que mudará sua vida para sempre. Confira o trailer (em inglês):

"Disque Jane" foi apresentado no Festival de Berlin em 2022 com potencial de levar o Urso de Ouro (que acabou ficando com o espanhol "Alcarrás" de Carla Simon) e sem dúvida que isso chancela o interesse da audiência em conhecer a história de Joy. No entanto, alguns elementos do roteiro escrito pela Hayley Schore e pelo Roshan Sethi parecem não se conectar com a proposta inicial de Nagy de apenas contar um boa história de empoderamento - existem alguns diálogos que saem um pouco do tom por justamente parecer lacrar demais. Isso não é um problema, eu diria, mas é inegável que incomoda, principalmente por deixar de lado embates muito mais interessantes sobre ética e, por consequência, conflitos morais que colocariam camadas mais profundas no amadurecimento da personagem. No final, a impressão que fica, é que fosse uma série, os roteiristas teriam um material maravilhoso para trabalhar - Kate Mara (como Lana) que o diga.

Chama atenção, sem a menor dúvida, a performance de Elizabeth Banks (fique atento ao trabalho dessa atriz, em breve ela estará no Oscar, pode apostar) - seu trabalho é muito consistente e, aqui, provavelmente o melhor de sua carreira. Banks tem a capacidade de despertar empatia mesmo quando notavelmente está cometendo um crime - reparem como ao longo do filme, em alguns momentos realmente dramáticos, ela equilibra tão bem o silêncio com o texto mais expositivo, que temos a exata noção do tamanho de sua dor (ou de suas dúvidas como mulher). Sigourney Weaver como a manda-chuva, Virginia, e Cory Michael Smith, como o jovem médico, Dean, também merecem elogios.

Mesmo que "Call Jane" (no original) passe essa sensação de pressa ou de superficialidade ao tentar fechar rapidamente todas as pontas que ficariam abertas, ainda assim considero o filme um ótimo drama, bem estruturado, bem dirigido (sem grandes destaques conceituais, é verdade) e com ótimas performances, capaz de colocar o dedo em alguns temas delicados que ainda hoje merecem o debate em todas as esferas da sociedade e que vão dialogar com grande parte da audiência feminina.

Pode dar o play sem medo que as conversas pós-créditos estão garantidas.

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O Acontecimento

"O Acontecimento" é um drama pesadíssimo, visceral eu diria! A jornada que começa amena, quase juvenil, vai ganhando força e brutalidade até alcançar o seu ápice no terceiro ato. Sim, durante os mais de 90 minutos de filme, em vários momentos você sentirá a dor da protagonista - e aqui eu não falo apenas da dor física, embora ela exista e seja brilhantemente retratada pela diretora Audrey Diwan (de "À Beira da Loucura "); eu falo daquela dor na alma que nos tira do eixo, que nos faz refletir sobre o outro - algo como vimos recentemente em “Pieces of a Woman”, por exemplo.

O filme conta a história de Anne (Anamaria Vartolomei), uma jovem garota que engravida e que simplesmente não quer e não pode ter aquela criança, já que seu futuro brilhante seria comprometido. No entanto, na França dos anos 1960, o direito ao aborto ainda não existia. Pelo contrário: qualquer um que praticasse o aborto, tanto a mulher quanto o médico, seria preso. Anne então precisa correr contra o tempo para encontrar uma solução antes de colocar sua própria vida em risco. Confira o trailer:

Essa produção francesa chega ao streaming chancelada pelo "Golden Lion" e pelo "FIPRESCI Prize" no Festival de Veneza em 2021. Além de uma carreira internacional de respeito, "O Acontecimento" ainda rendeu muitos elogios da crítica especializada e do público, o que coloca o filme naquela disputada prateleira de grandes surpresas do ano. E não é para menos, de fato "L'événement" (no original) impressiona ao se aprofundar de uma maneira muito cruel no realismo de uma situação tão atual que nem nos damos conta que o filme se passa na década de 60.

Graças ao aspecto 4:3 (aquele mais quadrado das TVs de tubo de antigamente) em que foi filmado, a diretora é capaz de provocar sensações das mais desagradáveis para audiência - essa escolha conceitual incomoda muito, gera uma certa percepção de angústia, de opressão, de limite. Curiosamente, a história da protagonista, ou seja, o "conteúdo" do filme, está completamente alinhado à "forma" com que presenciamos o seu sofrimento. A jornada de Anne é dura, solitária demais - chega a ser impressionante como a atriz Anamaria Vartolomei encontra o tom certo, introspectivo, para lidar com suas decisões e consequências. A cena em Anne tenta fazer o aborto por si só, por exemplo, é simplesmente desesperadora, além de impactante.

Baseado no aclamado livro de Annie Ernaux, o que vemos na tela é um adaptação extremamente autoral e de altíssima qualidade cinematográfica. "O Acontecimento" é cadenciado, sem nenhuma ação aparente, até repetitivo em alguns momentos, mas com o tempo se apropria de uma verdadeira experiência sensorial para entregar um mergulho no íntimo da mulher e na forma como ela é julgada pela sociedade. Não é uma jornada confortável da mesma forma em que se mostra necessária a discussão sobre um tema polêmico e muito importante nos dias de hoje (mesmo 60 anos depois).

Vale muito o seu play!

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"O Acontecimento" é um drama pesadíssimo, visceral eu diria! A jornada que começa amena, quase juvenil, vai ganhando força e brutalidade até alcançar o seu ápice no terceiro ato. Sim, durante os mais de 90 minutos de filme, em vários momentos você sentirá a dor da protagonista - e aqui eu não falo apenas da dor física, embora ela exista e seja brilhantemente retratada pela diretora Audrey Diwan (de "À Beira da Loucura "); eu falo daquela dor na alma que nos tira do eixo, que nos faz refletir sobre o outro - algo como vimos recentemente em “Pieces of a Woman”, por exemplo.

O filme conta a história de Anne (Anamaria Vartolomei), uma jovem garota que engravida e que simplesmente não quer e não pode ter aquela criança, já que seu futuro brilhante seria comprometido. No entanto, na França dos anos 1960, o direito ao aborto ainda não existia. Pelo contrário: qualquer um que praticasse o aborto, tanto a mulher quanto o médico, seria preso. Anne então precisa correr contra o tempo para encontrar uma solução antes de colocar sua própria vida em risco. Confira o trailer:

Essa produção francesa chega ao streaming chancelada pelo "Golden Lion" e pelo "FIPRESCI Prize" no Festival de Veneza em 2021. Além de uma carreira internacional de respeito, "O Acontecimento" ainda rendeu muitos elogios da crítica especializada e do público, o que coloca o filme naquela disputada prateleira de grandes surpresas do ano. E não é para menos, de fato "L'événement" (no original) impressiona ao se aprofundar de uma maneira muito cruel no realismo de uma situação tão atual que nem nos damos conta que o filme se passa na década de 60.

Graças ao aspecto 4:3 (aquele mais quadrado das TVs de tubo de antigamente) em que foi filmado, a diretora é capaz de provocar sensações das mais desagradáveis para audiência - essa escolha conceitual incomoda muito, gera uma certa percepção de angústia, de opressão, de limite. Curiosamente, a história da protagonista, ou seja, o "conteúdo" do filme, está completamente alinhado à "forma" com que presenciamos o seu sofrimento. A jornada de Anne é dura, solitária demais - chega a ser impressionante como a atriz Anamaria Vartolomei encontra o tom certo, introspectivo, para lidar com suas decisões e consequências. A cena em Anne tenta fazer o aborto por si só, por exemplo, é simplesmente desesperadora, além de impactante.

Baseado no aclamado livro de Annie Ernaux, o que vemos na tela é um adaptação extremamente autoral e de altíssima qualidade cinematográfica. "O Acontecimento" é cadenciado, sem nenhuma ação aparente, até repetitivo em alguns momentos, mas com o tempo se apropria de uma verdadeira experiência sensorial para entregar um mergulho no íntimo da mulher e na forma como ela é julgada pela sociedade. Não é uma jornada confortável da mesma forma em que se mostra necessária a discussão sobre um tema polêmico e muito importante nos dias de hoje (mesmo 60 anos depois).

Vale muito o seu play!

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Pieces of a Woman

“Pieces of a Woman” é um filme sensacional, mas já aviso: não será uma jornada nada fácil. É um verdadeiro soco no estômago e, como pai, talvez tenha sido os primeiros 30 minutos mais doloridos que já experienciei em um filme na minha vida! Sério, é muito difícil desvincular a percepção de uma realidade avassaladora de uma comprovada história de "ficção" como essa!

O filme acompanha Martha (Vanessa Kirby) e Sean (Shia LaBeouf), um jovem casal que se prepara para a chegada da primeira filha. Decididos a fazer o parto em casa, o procedimento não acontece exatamente como previam e os dois precisam lidar com o impacto de uma tragédia. Sofrendo pressões familiares, midiáticas e de advogados, o casal precisa (re)descobrir uma forma de continuar a vida e de preservar o relacionamento em meio uma crise que toca a alma. Confira o trailer:

Impossível começar uma análise sem citar a aula de cinema que são os primeiros trinta minutos desse filme. Além criar uma atmosfera narrativa angustiante (quase como um filme de terror) e de ser um plano sequência (sem cortes) com mais de vinte minutos, criativo e tecnicamente perfeito, Pieces of a Woman” nos deixa completamente destruídos ao acompanhar o trabalho de parto feito em casa pela parteira Eva (Molly Parker). A construção do relacionamento, as inseguranças do jovem casal, as dúvidas sobre o procedimento, a atenção e a humanidade da parteira; tudo isso é pontuado sem atropelos, no seu tempo, com uma câmera viva captando cada sensação, cada sentimento - é incrível (e penoso)!

A partir da tragédia do casal, o premiadíssimo diretor húngaro Kornél Mundruczó não deixa o nível dramático cair. Ele escolhe lindos planos para contar a destruição que uma tragédia como essa representa na vida de um ser humano, em uma relação e em todos que os cercam. A relação de Martha com sua mãe, com suas cicatrizes abertas, é um espetáculo de ambas as atrizes - Ellen Burstyn maltrata com sua técnica e capacidade dramática! Na verdade, acho que todo elenco está impecável e vou me surpreender se não forem indicados nessa temporada de premiações: Vanessa Kirby, inclusive, deve despontar até como favorita!

Puxa, o que dizer além de elogiar “Pieces of a Woman”? Talvez reafirmar a dor que ele vai provocar? Não sei, agora como audiência posso garantir que é uma experiência única e que nos provoca a entender as dores que a vida pode nos proporcionar sem esquecer de agradecer por tudo que ela já nos presenteou. Vale muito o seu play, mas será preciso força!

Observações:

1. O roteiro de Kata Wéber foi escrito a partir de uma experiência pessoal com seu parceiro, o próprio diretor, e, talvez por isso, sua protagonista transborda tanta honestidade, mesmo sendo um drama que estrapola a dor tão íntima e legítima de uma mãe!

2. O filme ganhou dois prêmios no Festival de Veneza em 2020: Melhor Filme e Melhor Atriz!

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“Pieces of a Woman” é um filme sensacional, mas já aviso: não será uma jornada nada fácil. É um verdadeiro soco no estômago e, como pai, talvez tenha sido os primeiros 30 minutos mais doloridos que já experienciei em um filme na minha vida! Sério, é muito difícil desvincular a percepção de uma realidade avassaladora de uma comprovada história de "ficção" como essa!

O filme acompanha Martha (Vanessa Kirby) e Sean (Shia LaBeouf), um jovem casal que se prepara para a chegada da primeira filha. Decididos a fazer o parto em casa, o procedimento não acontece exatamente como previam e os dois precisam lidar com o impacto de uma tragédia. Sofrendo pressões familiares, midiáticas e de advogados, o casal precisa (re)descobrir uma forma de continuar a vida e de preservar o relacionamento em meio uma crise que toca a alma. Confira o trailer:

Impossível começar uma análise sem citar a aula de cinema que são os primeiros trinta minutos desse filme. Além criar uma atmosfera narrativa angustiante (quase como um filme de terror) e de ser um plano sequência (sem cortes) com mais de vinte minutos, criativo e tecnicamente perfeito, Pieces of a Woman” nos deixa completamente destruídos ao acompanhar o trabalho de parto feito em casa pela parteira Eva (Molly Parker). A construção do relacionamento, as inseguranças do jovem casal, as dúvidas sobre o procedimento, a atenção e a humanidade da parteira; tudo isso é pontuado sem atropelos, no seu tempo, com uma câmera viva captando cada sensação, cada sentimento - é incrível (e penoso)!

A partir da tragédia do casal, o premiadíssimo diretor húngaro Kornél Mundruczó não deixa o nível dramático cair. Ele escolhe lindos planos para contar a destruição que uma tragédia como essa representa na vida de um ser humano, em uma relação e em todos que os cercam. A relação de Martha com sua mãe, com suas cicatrizes abertas, é um espetáculo de ambas as atrizes - Ellen Burstyn maltrata com sua técnica e capacidade dramática! Na verdade, acho que todo elenco está impecável e vou me surpreender se não forem indicados nessa temporada de premiações: Vanessa Kirby, inclusive, deve despontar até como favorita!

Puxa, o que dizer além de elogiar “Pieces of a Woman”? Talvez reafirmar a dor que ele vai provocar? Não sei, agora como audiência posso garantir que é uma experiência única e que nos provoca a entender as dores que a vida pode nos proporcionar sem esquecer de agradecer por tudo que ela já nos presenteou. Vale muito o seu play, mas será preciso força!

Observações:

1. O roteiro de Kata Wéber foi escrito a partir de uma experiência pessoal com seu parceiro, o próprio diretor, e, talvez por isso, sua protagonista transborda tanta honestidade, mesmo sendo um drama que estrapola a dor tão íntima e legítima de uma mãe!

2. O filme ganhou dois prêmios no Festival de Veneza em 2020: Melhor Filme e Melhor Atriz!

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Segunda Chance

Um grande filme, visceral eu diria, mas já adianto: não será uma jornada fácil, pois a história é tão potente que vai mexer com suas mais particulares emoções e deixar uma marca incrivelmente profunda! "Segunda Chance" da talentosa (e premiada) diretora dinamarquesa Susanne Bier (de "The Night Manager") é simplesmente imperdível. Uma obra-prima do cinema nórdico (com  toda aquela qualidade técnica e artística) que nos leva por uma montanha-russa de sentimentos, explorando temas dolorosos como depressão, maternidade, redenção, amor e, principalmente, escolhas que moldam nossas vidas para sempre. Não é à toa que o filme conquistou diversos prêmios ao redor do planeta e é frequentemente comparado com produções igualmente impactantes, como "Incêndios" ou até com “Pieces of a Woman”, então prepare-se para uma experiência, de fato, marcante!

O filme conta a história de Andreas (Nikolaj Coster-Waldau, o inesquecível Jaime Lannister de GoT), um dedicado policial que, junto com seu parceiro Simon (Ulrich Thomsen), se vêem envolvidos em um drama de partir o coração quando encontram um bebê de poucos meses em condições deploráveis dentro de um armário durante uma intervenção de briga doméstica entre um casal de viciados. Esse evento chocante desencadeia uma série de atitudes impensáveis que levam seus personagens a confrontar os próprios demônios e enfrentar consequências realmente marcantes em suas vidas. Confira o trailer:

Esse é um filme que tem alma, que conta com uma direção precisa de Bier, especialmente de seu elenco, e que alcança um outro patamar através da fotografia sensível de Michael Snyman (parceiro da diretora em "The Night Manager"). Snyman cria uma atmosfera intensa com seus close-ups que ecoam o turbilhão emocional dos personagens. Sabendo disso, Bier se aproveita desses enquadramentos de forma habilidosa, potencializando os momentos de alta tensão para capturar as expressões dos atores carregadas de emoção com um silêncio ensurdecedor - mesmo que em muitos momentos a trilha sonora, composta por Johan Söderqvist (de "Anatomia de um Escândalo"), complemente perfeitamente o mood do filme, ampliando o impacto das cenas de uma maneira bastante poética, mas não menos dolorosa.

O elenco realmente entrega performances brilhantes. Waldau mergulha profundamente nessa dor silenciosa de Andreas, mostrando toda transformação de um policial até certo modo bruto em um homem que enfrenta dilemas morais angustiantes - o elemento que desencadeia essa humanidade, a empatia, vai te fazer criar inúmeros julgamentos durante o filme e é isso que nos envolve tanto com suas escolhas. A química entre os atores é palpável, tornando cada interação entre eles ainda mais real - e aqui é impossível não citar o trabalho cheio de nuances de Maria Bonnevie como Anna, a esposa de Andreas.

"Segunda Chance" tem um senso de urgência e desconforto que permeia toda a narrativa - a sensação de angústia é mesmo muito presente. O roteiro de Bier ao lado de Anders Thomas Jensen (vencedor do Oscar pelo curta-metragem "Election Night", depois de improváveis três indicações seguidas ao mesmo prêmio) nos provoca, a todo momento, refletir sobre as consequências de nossas escolhas, mesmo as mais difíceis, e como elas podem moldar nosso destino de maneiras tão inesperadas - isso toca nosso coração de verdade. Então, sem muita enrolação, não deixa de assistir esse filme, você não vai se arrepender!

Assista Agora

Um grande filme, visceral eu diria, mas já adianto: não será uma jornada fácil, pois a história é tão potente que vai mexer com suas mais particulares emoções e deixar uma marca incrivelmente profunda! "Segunda Chance" da talentosa (e premiada) diretora dinamarquesa Susanne Bier (de "The Night Manager") é simplesmente imperdível. Uma obra-prima do cinema nórdico (com  toda aquela qualidade técnica e artística) que nos leva por uma montanha-russa de sentimentos, explorando temas dolorosos como depressão, maternidade, redenção, amor e, principalmente, escolhas que moldam nossas vidas para sempre. Não é à toa que o filme conquistou diversos prêmios ao redor do planeta e é frequentemente comparado com produções igualmente impactantes, como "Incêndios" ou até com “Pieces of a Woman”, então prepare-se para uma experiência, de fato, marcante!

O filme conta a história de Andreas (Nikolaj Coster-Waldau, o inesquecível Jaime Lannister de GoT), um dedicado policial que, junto com seu parceiro Simon (Ulrich Thomsen), se vêem envolvidos em um drama de partir o coração quando encontram um bebê de poucos meses em condições deploráveis dentro de um armário durante uma intervenção de briga doméstica entre um casal de viciados. Esse evento chocante desencadeia uma série de atitudes impensáveis que levam seus personagens a confrontar os próprios demônios e enfrentar consequências realmente marcantes em suas vidas. Confira o trailer:

Esse é um filme que tem alma, que conta com uma direção precisa de Bier, especialmente de seu elenco, e que alcança um outro patamar através da fotografia sensível de Michael Snyman (parceiro da diretora em "The Night Manager"). Snyman cria uma atmosfera intensa com seus close-ups que ecoam o turbilhão emocional dos personagens. Sabendo disso, Bier se aproveita desses enquadramentos de forma habilidosa, potencializando os momentos de alta tensão para capturar as expressões dos atores carregadas de emoção com um silêncio ensurdecedor - mesmo que em muitos momentos a trilha sonora, composta por Johan Söderqvist (de "Anatomia de um Escândalo"), complemente perfeitamente o mood do filme, ampliando o impacto das cenas de uma maneira bastante poética, mas não menos dolorosa.

O elenco realmente entrega performances brilhantes. Waldau mergulha profundamente nessa dor silenciosa de Andreas, mostrando toda transformação de um policial até certo modo bruto em um homem que enfrenta dilemas morais angustiantes - o elemento que desencadeia essa humanidade, a empatia, vai te fazer criar inúmeros julgamentos durante o filme e é isso que nos envolve tanto com suas escolhas. A química entre os atores é palpável, tornando cada interação entre eles ainda mais real - e aqui é impossível não citar o trabalho cheio de nuances de Maria Bonnevie como Anna, a esposa de Andreas.

"Segunda Chance" tem um senso de urgência e desconforto que permeia toda a narrativa - a sensação de angústia é mesmo muito presente. O roteiro de Bier ao lado de Anders Thomas Jensen (vencedor do Oscar pelo curta-metragem "Election Night", depois de improváveis três indicações seguidas ao mesmo prêmio) nos provoca, a todo momento, refletir sobre as consequências de nossas escolhas, mesmo as mais difíceis, e como elas podem moldar nosso destino de maneiras tão inesperadas - isso toca nosso coração de verdade. Então, sem muita enrolação, não deixa de assistir esse filme, você não vai se arrepender!

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